O local abre as portas para a integração de diversas formas de arte
em performances inéditas
Um
sarau traduzido para os nossos tempos, ponto de encontro de artistas
multimídia e múltiplos e que carecem de espaços na cidade que fujam do
lugar comum. Essa é a proposta do Sarau Eletrônico, projeto da escritora, jornalista, DJ e performer Leïlah Accioly Ronald de Carvalho, que acontece no Contemporâneo Hostel, dia 23 de novembro a partir das 18h.
Participam do evento o escritor João Paulo Cuenca, a cantora e compositora Mahmundi, o coletivo de artistas visuais Moleculagem, representado pela galeria Amarelonegro, o videoartista e escritor Jozias Benedicto, o curador de artes visuais, pintor e videoartista Alberto Saraiva e a artista visual Gabriella Garcia. O objetivo é que as variadas formas de arte possam interagir num mesmo espaço.
O Contemporâneo Hostel, que nasceu com
forte ligação ao cenário cultural, consolida-se como ponto de encontro
de artistas, ao trazer para seu espaço o Sarau Eletrônico - um centro
de escoamento de ideias e produções audiovisuais e literárias, uma
plataforma de lançamento de artistas, um estado de experimentalismo.
Livre de palcos, o Contemporâneo permite que as pessoas misturem-se às
propostas artísticas, criando um vínculo entre elas, além de uma forma
mais atual de vivenciar, experimentar e fruir a arte.
A
curadora do evento, Leïlah Accioly, conta que sua motivação para a
organização do evento surgiu devido ao circuito restrito de galerias e
centros culturais abertos a novidades no Rio, além de sua natural
inquietação. “O público da minha faixa de idade – 30 e poucos anos – não
se identifica mais com boates barulhentas, mas
também não quer se encontrar em happenings caretas, além de estar
cansado de ficar trancado em blogs e social media. É um público que
demanda novos fluxos das linguagens artísticas em encontros verdadeiros
entre artistas de diferentes áreas, que gosta de festivais sem
fronteiras, que quer estimular os sentidos e sair para ver a cidade
acontecer a partir desses encontros”, resume a curadora.
A
necessidade de criar uma cena artística na cidade e a escolha do
Contemporâneo Hostel para sediar as edições do Sarau Eletrônico também
são explicadas por Leïlah: “As pessoas estão carentes de estar juntas.
Talvez, as redes sociais tenham dado um start no sentido de grupo, mas
agora, desperta-se para o fato de que os diálogos e experimentações
confinados à internet precisam ganhar as ruas e encontrar um público
maior. O Contemporâneo é o lugar perfeito para abrigar o Sarau
Eletrônico porque sai do circuito óbvio do Rio, acolhendo como uma casa,
o que é essencial para este evento, porém dentro de um espaço que está
aberto à rua, permitindo que desavisados e curiosos participem da
festa”, conclui.
O
Sarau Eletrônico terá edições bimestrais e artistas e escritores que
quiserem submeter seus trabalhos ao crivo da curadora podem enviar email
para saraueletronicoleilah@ gmail.com.
Serviço:
Sarau Eletrônico no Contemporâneo Hostel
Dia 23/11 (Sábado) às 18h
Rua Bambina, 158 - Botafogo
Tel. 3495-1014
Grátis
Programação:
Na fachada do hostel, a projeção da videoarte de Alberto Saraiva, "São Jorge Erê" abrirá a programação seguido de Jozias Benedicto, com uma videoarte feita a partir de imagens capturadas na última Bienal de Venezaacompanhada pela leitura de dois contos de seu mais novo livro, lançado neste mês de novembro.
Mahmundi, musa pós-moderna que bebe das fontes do pop brasileiro dos anos 1980 e o relê com a delicadeza da chillwave do século XXI, improvisará em uma jam inédita com
sua guitarra, sintetizadores e voz feita sob medida para cantar os
novos verões cariocas deixando correr solta uma face ainda mais
vanguardista de seu trabalho e dando pistas sobre como se dá seu
processo de composição.
Já o coletivo Moleculagem, que tem em seu currículo, participações no cultuado festival Multiplicidade, exibirá umainstalação audiovisual também inédita (http://moleculagem. com/).
O grupo mistura elementos orgânicos como a madeira à dureza colorida do
acrílico, dando vida a ambos por meio de manipulações eletrônicas
obtidas através de parafernálias programadas no melhor estilo
faça-você-mesmo.
O escritor João Paulo Cuenca vai apresentar seu projeto musical SUB, com "paisagem sonora - vandalismo". Seu trabalho com música eletrônica é um mosaico de sonoridades, baseado em sintetizadores, que vai de samplesde pianos etéreos a trechos de rezas marroquinas, misturando sotaques, épocas e texturas diversas.
Gabriella Garcia, filha da atriz Isabela Garcia, com apenas 21 anos e já titular do elogiado www.collagg.tumblr.com faz seu debut em exposições físicas com um tríptico de colagens sobre a condição da mulher na contemporaneidade, feito especialmente para o Sarau Eletrônico.
Sobre os artistas do Sarau Eletrônico
Mahmundi
Mahmundi (https://soundcloud.com/mahmun di / http://www.youtube.com/ watch?v=vPMVPs3BwCw )
é Marcela Vale: Uma jovem compositora e instrumentista carioca de 25
anos. Durante alguns anos foi participante da noite carioca apenas como
técnica de som em casas de shows como Circo Voador e outras. Em 2012,
lançou seu EP "Efeito das Cores" - um projeto bem des
enhado onde a artista descreve-se em cores variadas, deixando aflorar
sentimentos musicados em forma de presentes sonoros. Acompanhada de
Lucas de Paiva (co-produção), Mahmundi cerca-se de efeitos sonoros e
sinceridade para conquistar os ouvidos logo na primeira audição, sendo
destaque em meios conceituados como o jornal O Globo, a revista Time
Out, os portais Vírgula e Yahoo, e os blogs independentes Move That
Jukebox, URBe, Rock n’ Beats, Miojo Indie e RockinPress, além de muitos
outros. É fácil se encontrar dentro das canções de "Efeito das Cores" –
seja dentro de uma pista de dança ou feliz ao encontrar um amor. Nele,
Mahmundi se expõe de maneira delicada, dando ênfase aos teclados e
desenhando todo o sentimento que as letras descrevem para o ouvinte. O
EP é uma reunião de referências ouvidas por ela ao longo dos últimos
anos, procurando flertar com experimentações de timbre, incluindo uma boa quantia de poesia reflexiva brasileira e de sentimento vivido. Abençoada por u
ma escola musical liderada por Rita Lee e Marina Lima, todo o álbum parece ser tirado do auge dos anos 1980, mas brilha com
intensa força agora, no frescor de sua brasilidade redentora, fazendo
das canções de Marcela algo ainda mais plural, contagiante e emocional.
Afinal, a música nasceu para demonstrar sentimentos e com essa magia, Mahmundi sabe se expor.
Por Marcos Xi.
João Paulo Cuenca
João
Paulo Cuenca nasceu no Rio de Janeiro em 1978. É autor dos
romances"Corpo presente" (2003). “O dia Mastroianni” (2007) e “O único
final feliz para uma história de amor é um acidente” (2010). Seus
romances tiveram os direitos comprados por Portugal, Espanha, Itália,
Alemanha, França, Estados Unidos e Finlândia. Em 2007, foi selecionado
pelo Festival de Hay como um dos 39 jovens autores mais destacados da
América Latina e em 2012 foi escolhido pela revista britânica Granta
como um dos 20 melhores romancistas brasileiros com
menos de 40 anos. Entre 2003 e 2010 escreveu crônicas semanais para
jornais como Tribuna da Imprensa, Jornal do Brasil e O Globo – algumas
delas foram reunidas na antologia "A última madrugada" (2012).
Moleculagem
O
coletivo carioca reúne artes visuais, música e projeção em obras
multimídia feitas de madeira e dispositivos eletrônicos. Representado
pela galeria de arte contemporânea Amarelonegro, o grupo é formado pelos
artistas Alexandre Aranha, Bernardo Varela, Pablo Ribeiro, Pedro
Conforti e Sol Galvão. O coletivo usa a experiência profissional no
cinema, na publicidade e na produção musical, para explorar as
possibilidades da mistura da arte, vídeo, música e tecnologia em
projetos audiovisuais, performáticos e multissensoriais. O trabalho
consiste em passar para o mundo físico o que é normalmente visto no
campo digital, por meio de estruturas ou protótipos modulares, feitos de
madeira, lâmpadas, acrílicos, dispositivos eletrônicos e vídeos.
Aranha: Ilustrador atuando há 12 anos como artista e supervisor de efeitos visuais para cinema e TV, trabalha em direção de videoclipes, cenografia e videocenografia para grandes eventos e shows de artistas nacionais e internacionais.
Bernardo Varela: Videoartista digital com ênfase em videocenografia e formação em comunicação social, trabalha há 13 anos com pós-produção de cinema, TV e web, atuando como artista e supervisor de efeitos visuais, editor, motion designer e diretor.
Pablo Ribeiro: Editor de cinema e músico, trabalha há 15 anos com
edição para TV e cinema, principalmente em projetos de longa-metragem,
documentais e de ficção. Além de sua experiência como produtor musical e
compositor, atua como músico contratado em gravações e apresentações ao
vivo de outros artistas.
Pedro Conforti: Colorista e músico formado em design gráfico e de produto, trabalha há 11 anos com manipulação de cor e criação de looks fotográficos para cinema, videoclipes e publicidade, desenvolvendo em paralelo seu trabalho de composição e produção musical.
Sol Galvão: Diretor de arte e artista plástico multimídia com experiência com
publicidade e marketing, trabalha há 14 anos como designer de animação,
e na produção, direção e pós-produção de imagens para publicidade, TV e
cinema.
Jozias Benedicto
Artista visual e escritor, vive e trabalha no Rio de Janeiro. Estudou arte com
Ivan Serpa, Anna Bella Geiger, Rubens Gerchman, Chico Cunha, Suzana
Queiroga, Katie Van Scherpenberg e João Magalhães. Curso de extensão
sobre Arte Contemporânea e Filosofia com Noéli Ramme, na PUC/RJ (2010) e Laboratório de Vivência Literária com
o escritor Luiz Ruffato (2010-2012). Exposições individuais na Galeria
Macunaíma (1981) e na EAV Parque Lage (1982). Participa da XVI Bienal de
São Paulo (1981) e dos II e III Salões Nacional de Artes Plásticas
(1979, 1980). Recebeu menção especial no 3° Salão Carioca de Artes
(1979), prêmio de aquisição no II Salão de Itajubá (1980) e participou,
como artista convidado, da 3a. Mostra de Desenho do Paraná (1981).
Principais coletivas recentes: Salão de Artes de Paraty (2004), Arte
Hoje - EAV Parque Lage (2006), Converging Trajectories em Phoenix USA
(2010), Ocupação Praia do Flamengo (
2010), Fuzuê! no Largo das Artes (2011), Experiência Pintura na EAV
(2012), Transperformance 2 no Oi Futuro (2012) e Videoarte 2013 no Oi
Futuro (2013). Participou, com contos, da
antologia "Sábado na Estação" (2012). Atua como editor de livros sobre
arte, a coleção Pensamento em Arte, da Editora Apicuri (Rio).
Gabriella Garcia
“Eu
sou de 1992. Nascida e criada no Rio, nunca fui para o exterior. Comecei
a fazer colagens como se fosse um diário de sentimentos, há mais ou
menos dois anos. Nunca expus minha arte em lugar nenhum. Tenho um site
- www.collagg.tumblr.com - ond e
posto minhas obras e através dele, fui sendo vista e comecei a receber
boas reações ao meu trabalho. Estudei artes no Parque Lage. Piro em
surrealismo e cubismo. Arte irônica e política. Street art.
Neoconcretismo e minimalismo. Prefiro trabalhar com silêncio. Sou louca por Braque e Picasso, Salvador Dali, Pape, Clark, Oiticica e Tunga, bansky”, GG.
Alberto Saraiva
Alberto
Saraiva é curador de Artes Visuais do Oi Futuro, no Rio de Janeiro,
dedicado à arte e tecnologia. É formado em Arte Educação e Museologia e
possui especialização em Arte e Filosofia. Tem publicado textos críticos
e teóricos sobre arte contemporânea e vem se dedicando à pesquisa sobre
videoarte, novas tecnologias e poesia visual brasileira. Foi co-curador
da Bienal do Fim do Mundo, em 2009 e realizou curadoria de exposições
individuais de artistas como Ivens Machado, Marcos Chaves, Vicente de
Mello, Neville d'Almeida e Eduardo Kac.
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