Dia 14 de novembro, às 17 horas, estreia o espetáculo Velhos Amigos,
projeto do Grupo Bolinho contemplado pela lei de Fomento ao Teatro da
Cidade de São Paulo. A peça integra o projeto Tipografias Poéticas,
desenvolvido ao longo de um ano, em três etapas, com metodologias
distintas, cada qual em um bairro da cidade: Santana, Luz e Centro.
A
primeira fase, focada em intervenção urbana, foi orientada por
Cristiane Esteves do grupo Opovoempé. Em seguida, a companhia Lume e
Pedro Fabrício desenvolveram a mimesis corpórea, e por último, o diretor
e pesquisador André Carreira se juntou ao Grupo Bolinho para colocar
luz sobre a dramaturgia da cidade. Todas as fases tiveram como resultado
um experimento cênico, que de alguma forma ressurgem em partes no
espetáculo Velhos Amigos.
A pesquisa e concepção da montagem
Para
desenvolver a estrutura do espetáculo, os integrantes do grupo optaram
por perscrutar a questão da memória de moradores idosos dos bairros de
Santana, Luz e Centro. Com o decorrer do tempo, além de casas,
frequentaram instituições, como bailes, albergues, asilos e centros de
convivência que possuem como público principal a terceira idade.
A
montagem foi pensada de forma a convidar o publico para uma
experiência. Uma rádio, instalada em uma praça, aliada à prática do
footing (método de paquera antiga ao redor de praças – meninos
caminhavam para um lado e meninas andavam no sentido oposto, com a
intenção de trocar olhares quando se cruzassem), o público acompanha os
personagens por “estações” montadas na praça, como se fossem cômodos de
uma casa – uma sala, cozinha, banheiro. Nesses espaços de convivência
com os espectadores, são trazidas à tona questões como o abandono, as
dificuldades físicas, a saudade de outrora e os prazeres relacionados a
liberdade da velhice.
Cerca
de 40 entrevistas fizeram parte da compilação de frases, emoções,
opiniões, receios e segredos contados pelos idosos. A falta do parceiro,
quase sempre pela morte, revelou-se com significados diferentes para
homens e mulheres: para os primeiros, resta a saudade (e lágrimas), para
elas, abre-se um horizonte de liberdade, mesmo que tardia.
Os personagens
Para
contar essas histórias, três atores – Alexandre Ilha, Danilo Caputo e
Diane Boda – entraram em casas, sentaram nas mesas das cozinhas,
partilharam café e bolos com os entrevistados, tudo para captar o que
havia restado como memória de uma vida quase completa.
Em uma dessas “visitas” encontraram Geraldo
(nome fictício, do personagem), viúvo, que aos 78 anos lembra-se da
palmatória recebida no colégio interno, da floricultura que abriu e
faliu, dos anos de casamento com a sua Elvira.
Celina Rosa
(nome fictício, do personagem) encerra em si várias outras mulheres. A
personagem, aos 76 anos, fez magistério, mas o marido nunca deixou que
trabalhasse. A recente viuvez trouxe para Celina uma espécie de
liberdade que não gozou durante a vida. Agora, as memórias de seu
casamento aparecem em meio às ruínas de uma cozinha na qual recebe o
público, se desvencilhando delas para seguir suas próprias vontades.
O personagem José William Facó
tem Alzheimer, o que não o impede de ser mulherengo e tocar saxofone.
Por causa da doença, mistura realidade e ficção. Casou-se com Rita,
grande amor de sua vida. Com 20 anos a mais do que sua esposa, William
sofre com as dificuldades sexuais, econômicas e mentais que a idade
trouxe, se tornando um peso para sua amada. Rita não aguenta e
divorcia-se de Facó, que hoje, aos 85 anos se ressente com a falta de
uma companheira que lhe dê carinho, atenção e cuidados.
Histórico do Grupo
O
Grupo Bolinho surgiu por meio do Programa Vocacional em 2001 e hoje
encena sua sétima montagem. Os quatro primeiros espetáculos Anfitrião, 7 Pecados, Mahagony e Até Ai Morreu o Neves
foram realizados em palco italiano, nas montagens posteriores o grupo
optou por apresentações em espaços alternativos e na rua.
Contemplados
duas vezes pelo Programa para Valorização de Iniciativas Culturais -
VAI, circularam em 2008 por unidades da Fundação CASA com o espetáculo Graças a Deus e em 2009 iniciaram uma pesquisa sobre Liberdade na COHAB Taipas, tendo como resultado o espetáculo-intervenção Liberdades.
Desde
2012 realiza sua pesquisa sobre velhice, que já foi contemplada pelo
Edital de Ocupação de Espaço no Centro Cultural da Juventude Ruth
Cardoso – CCJ. Em outubro de 2012 foi contemplado pela 21ª edição do
Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a cidade de São Paulo,
resultando no espetáculo Velhos Amigos.
Ficha Técnica – Velhos Amigos
Elenco: Alexandre Ilha, Danilo Caputo e Diane Boda
Orientação de Pesquisa: Luciano Gentile
Orientação Artística: André Carreira, Cristiane Zuan Esteves, Pedro Felício, Raquel Scotti Hirson – Lume Teatro
Direção de Arte: Vivianne Kiritani
Direção Musical: Claudio Calunga
Preparação Corporal: Sueli Andrade
Desenho de Som: Otavio Correia
Programação Visual: Gustavo Federico
Produção: Thais Guabiraba
Serviço - Espetáculo "Velhos Amigos"
Temporada de 14 de novembro até 21 de dezembro de 2013
Volta em 16 de janeiro de 2014, até 25 de janeiro de 2014
Não haverá apresentação no dia 23/11
Todas as quintas: Praça Cel. Fernando Prestes - Metro Tiradentes – Horário: 17h
Todas as sextas: Largo da Misericórdia - Metro Sé – Horário: 17h
Todos os sábados: Parque Domingos Luis - Metro Jardim São Paulo - Horário: 17h
Recomendação: Livre
Duração: 60 minutos
Blog: http://grupobolinho.blogspot.
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